O QUE O GOVERNO BRASILEIRO NOS ENSINA SOBRE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

No momento em que o Brasil ultrapassa 20 mil pessoas mortas pelo COVID-19 (22 de maio de 2020), me vem à mente o situação política que assola a nação com incertezas, fake-news, exoneração de ministros, denúncias, falsas promessas e tantos outros absurdos que revela as mazelas do Governo Brasileiro frente a uma situação de crise, dando a impressão total despreparo daqueles que estão à frente do comando da nação Brasileira.

São tantos absurdos que fica quase impossível relatar cada situação. No entanto, para quem tem acompanhado a evolução da pandemia e os estragos humanos, sociais e econômicos que se apresentam a cada dia, já se deu conta de uma situação de vulnerabilidades organizacional que o País enfrenta.

Convido você para uma simples reflexão em termos básicos sobre planejamento estratégico que, em minha opinião, falta aos nossos governantes. Vamos imaginar que o Brasil é uma Empresa e observar alguns paralelos com as ações, propostas pelo governo que nos ensina sobre a ausência de passos coordenados, que poderiam levar à uma manutenção, no mínimo, mais adequada para o País. Claro que são cenários distintos (Político e Privado) mas, penso que a reflexão nos será útil.

VISÃO E MISSÃO ORGANIZACIONAL

Conhecer a visão e a missão da organização é fundamental para qualquer líder e para seus colaboradores. Junto com este conhecimento, vem também o conhecimento do papel do próprio líder. Serve para o posicionamento adequado, frente aos outros líderes e principalmente frente ao plano que deverá ser apresentado para o desenvolvimento das ações que serão empregadas no exercício de liderança. Situações poderão se apresentar confusas e decisões superficiais criarão cenários inconstantes e devastadores se o líder não conhecer suas atribuições e não compreender a visão e missão da empresa, quem somos, onde estamos e para onde vamos.

DIAGNÓSTICO

Sem ter diagnósticos precisos sobre os cenários do passado, presente e futuro, o líder não terá compreensão das possibilidades de enfrentamento. Dará ouvidos a um e a outro, podendo incorrer em erros grosseiros que poderão trazer sérios problemas para a organização. Veja, não me refiro à obtenção de informações privilegiadas ou, extrapolação de prerrogativas pertinente ao cargo e muito menos em burlar leis. A necessidade do diagnóstico é fundamental para tomadas de decisões. 

PLANO ESTRATÉGICO

Todas as empresas devem ter planos de curto, médio e longo prazos. Diferente do que se imagina, com os planos, bem estruturados, a organização se antecipa aos problemas e cria cenários de atuações mais precisos. Estes planos devem conter elementos básicos em sua estrutura, por exemplo: Definições claras das estratégias que serão utilizadas e planos de contingências. Os planos de contingências são aqueles que, identificado um possível cenário de crise, as ações já estarão dispostas, bastando apenas, ajustes temporais.

COMUNICAÇÃO

Não adianta ter um bom plano e não saber comunicar para seus liderados ou para os stakeholders (todos os envolvidos que são impactados pelas ações). Isso também faz parte da estratégia. Se, por algum motivo, o líder não apresentar as melhores qualidades de um bom comunicador, deverá delegar esta tarefa para outro membro da equipe. A comunicação deve ser direta e clara, todos os ruídos devem ser eliminados para que todos conheçam os próximos passos.

DELEGAÇÃO DE TAREFAS E AÇÕES

O envolvimento e comprometimento da equipe nas ações irá depender, entre outros fatores, da assimilação dos papéis de cada colaborador. Perceber que todos estão na ‘mesma página’ fará com que os planos apresentados tenham maior probabilidade de acertos. A responsabilidade dos membros da equipe e a liberdade para cumprir com a tarefa delegada trará empoderamento ao colaborador de tal forma que os resultados serão mais visíveis.

NÃO SUBESTIME UMA CRISE

Ao subestimar uma crise, o líder põe a perder toda a estratégia criada. Se, de fato, foi criado um plano de contingência, ele deverá ser seguido de forma estritamente técnica e funcional. Afinal, investiu-se em recursos, humanos, técnicos e financeiros para elaboração do plano para que funcione como uma ‘rampa propulsora’ que levará a organização a superar a crise com mais assertividade.

ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO

Não há controle se não há acompanhamento. Essa história do ‘eu não sabia’; ‘e daí’, ‘sinto muito’; ‘eu é quem manda aqui’; são totalmente infundadas e apresenta apenas uma característica: total despreparo. Qualquer pessoa, em posição de liderança, jamais pode fazer uma declaração (pública) que não sabia de tal acontecimento. Se, de fato, planos foram estabelecidos adequadamente, o acompanhamento e evolução de cada cenário deve ter sido estruturado. É no processo de acompanhamento que decisões corretivas são implementadas e erros são rapidamente corrigidos para que novas ações possam ser iniciadas e o plano flua rumo ao objetivo planejado.

CONCLUSÃO

Como pode perceber, há um abismo colossal entre as argumentações e os fatos vividos no País. Fato é, que a comparação entre a coisa política, evidenciado pelo processo democrático e o setor privado nos empurra para um cenário impraticável de comparação. Não é este governo, ou seus governantes, mas o processo em si que, em minha opinião precisa ser revisto. Há que se exigir mais qualificações para cargos de líderes de uma nação. Não faço referência ao artigo 5º da Constituição Federal Brasileira mas, às qualificações de uma posição estratégica. 

O processo político brasileiro carece de reformas profundas, desde a sua natureza quanto aos ‘candidatos’ para cargos do poder executivo. A quantidade de partidos políticos e as falcatruas políticas desenvolvidas por eles, afrontam a capacidade do cidadão que, sem opções precisa arriscar escolher o menos pior. O problema é que já faz alguns anos que nem mesmo a escolha do menos pior tem sido a melhor opção. Se o Brasil fosse uma empresa, o CEO que estivesse na posição líder principal, teria sido demitida há muito tempo e, arrisco-me a afirmar: por justa causa!

Assim, podemos concluir que a única coisa que podemos aprender é que não devemos querer promover mundas sem planejamento, pois é esta a lição que o governos nos tem passado!